sábado, 4 de julho de 2009

Fiat 147 vermelha - o carro da morte

Bem, conforme prometido vou apresentar aqui uma das estórias com a turma. Infelizmente esta estória tem a participação apenas do João (dono do carro), doAlexandre e a minha. Mas parece até que ela teve o roteiro criado pelo Stephen King.

A estória se passa em um domingo qualquer, de um mês que não me recordo, de um ano que deve ser 1983 ou 1984. Neste domingo, como aliás em quase todos do ano, o João logo após o almoço foi lavar a Fiat 147 vermelha que ele havia comprado.

Nesta mesma época estava ocorrendo uma greve de lixeiros, o que provocou um grande acúmulo de sacolas de lixo deixadas pelos moradores junto ao poste que ficava bem próximo onde o João deixava o carro.

Lavamos o carro por fora e ao iniciarmos a limpeza interna começamos com a retirada dos tapetes de borracha. Para nossa surpresa, debaixo do tapete do carona começaram a surgir umas poucas larvas de mosca. Lembro de termos ficado indignados com a presença das larvas e termos feito correlação delas com a greve dos lixeiros e a presença das sacolas de lixo. tiramos a as larvas, finalizamos a limpeza interna e partimos para fazer algo sob o capô (talvez abastecer o recipiente de água do limoador ou algo assim).

Para nossa surpresa e espanto, ao abrirmos o capô nos deparamos com uma das cenas mais nojentas que já havíamos visto: encarcerado entre o macaco do carro (que na 147 ficava aparafusado por dentro do capô) e o alternador, jazia inerte, morto, desfigurado e devorado pelas larvas um pobre gato que entrou por debaixo do carro e ficou preso naquele lugar, não sabemos por quanto tempo, até morrer.

Muito puto, João tenta tirar o que restou do gato com jatos de água mas nadado bichano querer sair. A solução seria então desovar o gato em algum lugar e o local escolhido foi a rua que fica atrás do Grajaú Country, por onde antigamente iniciávamos as subidas ao Pico. Esta rua termina em uma espécie de largo, que fica sobre uma outra rua (a Olegaringa - que hoje está cheia de grandes prédios, mas naquela época era mato puro).

Chegando lá, apontamos o carro na direção do precipício, abrimos o capô e com a ajuda de um galho removemos o defunto e o jogamos pelo abismo abaixo. Voltamos para casa para providenciar a limpeza da cena do crime, mas no caminho fomos novamente surpreendidos com a grande quantidade de larvas que começou a surgiu vinda do compartimento do motor. Ao chegar em casa, nova limpeza interna e, na cena do crime, amplo uso de água, desinfetante e escovas.

Ao final restou no local onde o felino passou desta pra melhor, uma grande região onde a pintura foi removida pela ação química da decomposiçao do animal.

2 comentários:

João Pimenta disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
João Pimenta disse...

Excelente o relato Sobral!
Pouco há por acrescentar a não ser alguma informação acessória:
a) Esse Fiat vermelho foi meu primeiro carro. Era ano 77 ou 79 e foi comprado na feira do Boulevard. Na verdade haveria muito para falar desse carro mas isso é outra estória;
b) O mau cheiro me perseguia já tinha alguns dias. De fato no inicio pensamos que era devido ao lixo na rua mas, como onde eu ia lá estava o mau cheiro, ficamos encucados;
c) Incrível como naquela época a gente passava longas e preciosas horas fazendo alguma coisa no carro (acho que hoje o pessoal não faz muito isso). Eram horas e horas dedicadas a lavar, limpar e polir o carro. Na verdade era uma diversão. A moda era essa, a gente colocava uma musica no rádio e ficava se divertindo a tarde inteira. Depois de noite saia com o carro limpinho;
d) No processo de limpar o carro a gente tirava os 2 bancos dianteiros do carro e ficava escovando cada mm2 do carpete cuidadosamente. Nessa, apareceram alguns vermes dentro do carro caminhando no carpete. Ainda não tínhamos descoberto o gato e ai ficamos muito intrigados pensando como aqueles vermes teriam chegado ali dentro.
e) Evidentemente que depois de descobrir o gato morto sob o capot ficamos também intrigados querendo entender como esse "despacho" tinha aparecido ali. Nossa hipótese foi de que os gatos gostam de entrar por baixo do motor para dormir protegidos num cantinho quente abaixo do capot. Ao ligar o motor pela manhã o gato nao pode sair e alí morreu ao se chocar com as partes móveis próximas (polias, correias, etc.). Outra possibilidade é que seria um gato velho na eminência de morrer que escolheu aquele cantinho bem escondido no compartimento do motor para morrer.
f) Na época houve uma piada do tipo “Ponha um gato morto no seu carro” em alusão aquela publicidade da Esso (ponha um tigre no seu carro)
João